A política paranaense vive dias de transição. Com a saída de Ademar Traiano, que reinou absoluto na presidência da Assembleia por uma década, Alexandre Curi assume o comando em fevereiro já com um discurso de renovação e, principalmente, um objetivo declarado: o Palácio Iguaçu em 2026.
Alexandre Curi: Presidente ou Pré-Candidato?
Alexandre não faz questão de esconder suas intenções. “Por quatro vezes, fui o deputado mais votado do Paraná e na última eleição com quase 240 mil votos. Eu entendo que, nesse momento, eu posso apresentar o meu nome aos paranaenses para disputar algo maior em 2026. […] Se o partido escolher o meu nome, estarei pronto para disputar o governo do Estado.”
Para reforçar essa ideia, o presidente eleito da Assembleia já trabalha para visitar os 399 municípios paranaenses até julho do ano que vem, consolidando sua posição de liderança. Na entrevista ele diz que conhece 388.
E a disputa para suceder o governador, que não pode concorrer novamente, promete ser acirrada. Curi, entretanto, tem um diferencial estratégico: sua posição na Assembleia o coloca em contato direto com demandas municipais e estaduais, além de permitir que ele molde sua imagem como gestor inovador. A implementação de inteligência artificial, prédios sustentáveis e a promessa de eliminar o uso de papel são bandeiras que, se bem executadas, podem render manchetes positivas. O desafio? Cumprir essas promessas enquanto equilibra a gestão com suas aspirações políticas.
Enquanto isso, Curi aposta em medidas modernizadoras, como inteligência artificial e prédios sustentáveis, que, se bem executadas, podem ser o impulso que ele precisa. Resta saber se os projetos sairão do papel ou ficarão no campo das promessas.
Cascavel na Vitrine e Gugu Bueno no Jogo
Cascavel nunca esteve tão em evidência no cenário estadual. Gugu Bueno, eleito primeiro secretário da Assembleia e aliado próximo de Curi, representa a região oeste em uma posição estratégica. A parceria entre os dois promete decisões articuladas,
Não deixa de ser um movimento estratégico de Curi que busca fortalecer a administração compartilhando atribuições com o primeiro secretário.
“Já conversei muito com o deputado Gugu, que é parecido com o meu estilo e diálogo, com calma, vamos fazer com muita parceria, nós vamos dividir todas as atribuições”, afirmou Curi.
A escolha de Gugu Bueno para a primeira secretaria não foi apenas um aceno político ao Oeste, mas também uma aposta em um perfil de diálogo e estabilidade, algo que Curi tem quer que seja a marca da gestão.
Essa articulação reforça a influência de Cascavel no cenário estadual. Curi ainda elogiou o prefeito Paranhos, destacando-o como um nome forte para o futuro: “Paranhos é uma referência estadual e tem tudo para ocupar espaços importantes”. Uma frase que parece mais um convite para a construção de alianças do que uma análise neutra. A frase soa como um convite para alianças futuras?
Vitrine ou Campo Minado?
A presidência da Assembleia pode ser um trampolim ou um desafio constante. Estar no segundo cargo mais importante do estado significa viver sob os holofotes. Curi sabe disso e promete resultados rápidos. No entanto, ele mesmo destacou: nunca um presidente da Assembleia se tornou governador. Ser o primeiro seria histórico — e, claro, um feito para coroar suas aspirações.
Traiano sai, mas será que vai mesmo?
Ademar Traiano deixa a presidência, mas segue no jogo. Interessado na Comissão de Constituição e Justiça, ele é visto como um aliado estratégico no PSD. Curi, com diplomacia, afirma: “Para mim, até agora o deputado Traiano não se manifestou ainda qual é a sua vontade, mas tem legitimidade para participar de qualquer comissão.”
Curi também promete mudanças significativas na Assembleia, com exoneração de todos os comissionados em janeiro e uma nova estrutura administrativa em fevereiro. “Todos os servidores comissionados da Assembleia serão exonerados […] com toda a transparência, nome a nome, tomando posse.”
2026: Um Tabuleiro Complexo
O caminho até 2026 é cheio de variáveis. Ratinho Júnior deve mirar voos nacionais, e o PSD precisará administrar rachas internos e pressões externas. Curi costurou apoios, incluiu mulheres e oposição em sua chapa, mas sabe que o desafio real será provar que é mais do que um herdeiro político.
As próximas decisões na Assembleia serão cruciais. Se cumprir suas promessas, Alexandre Curi pode se consolidar como um gestor inovador. Caso contrário, o Palácio Iguaçu pode se tornar apenas um sonho distante.